Artigo por Ebran Theilacker, CEO da Versi
O mercado imobiliário é feito de projetos de longo prazo. Da concepção de um empreendimento até a sua entrega, passam-se anos de planejamento, aprovação, construção e comercialização. Nesse contexto, encontrar fontes de financiamento não pode ser encarado como um processo meramente transacional, mas como uma relação que deve ser cultivada ao longo do tempo. É o que podemos chamar de “humanização no crédito”, em uma relação que envolve mais variáveis que apenas as financeiras e, exatamente por isso, torna-se essencial para que projetos avancem com segurança, previsibilidade e confiança.
Mais do que apenas fornecer recursos financeiros, os financiadores e investidores precisam atuar como parceiros estratégicos, compreendendo as particularidades de cada empreendimento e ajustando soluções financeiras conforme a necessidade do projeto. Uma relação de longo prazo permite essa flexibilidade, proporcionando condições mais adequadas para cada fase do desenvolvimento imobiliário. Quando incorporadoras e financiadores trabalham juntos de maneira contínua, torna-se possível enfrentar desafios com mais previsibilidade e aproveitar oportunidades de mercado com mais agilidade.
O crescimento expressivo do crédito imobiliário no Brasil reforça a necessidade dessa abordagem. Em 2024, por exemplo, os financiamentos com recursos da poupança atingiram R$ 186,7 bilhões, um aumento de 22,3% em relação ao ano anterior. No mercado de funding privado, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) movimentaram R$ 14 bilhões apenas no primeiro trimestre do ano. Esse volume demonstra que há apetite dos investidores para financiar o setor, mas também evidencia a importância de estruturar essas relações de forma mais colaborativa e menos transacional.
Além dos modelos tradicionais de financiamento, o mercado de crédito imobiliário vem se diversificando com o avanço das fintechs. Modelos como crowdfunding imobiliário ou formatos adaptados a necessidades específicas de diferentes segmentos, além de outras inovações financeiras, ampliam as possibilidades de captação de recursos e tornam o acesso ao crédito mais dinâmico e acessível. No entanto, essa diversificação também pode resultar em relações mais curtas e transacionais, que nem sempre favorecem a previsibilidade e a construção de parcerias de longo prazo. Enquanto essas novas soluções oferecem vantagens como agilidade e descentralização, é fundamental que incorporadoras e investidores busquem relações que vão além da simples concessão de crédito, priorizando estratégias alinhadas ao ciclo de vida dos projetos.
Construir uma relação duradoura entre quem precisa de financiamento e quem pode oferecê-lo traz benefícios para todos. Para as incorporadoras, significa acesso mais estável a recursos, mesmo em momentos de maior volatilidade econômica. Para os investidores e financiadores, representa a possibilidade de acompanhar de perto a evolução do projeto e garantir que o capital está sendo empregado de maneira eficiente e segura. Para que esse acompanhamento de longo prazo seja ainda mais proveitoso, sócios e equipes de ambas as partes — financiadores e incorporadoras — devem estar abertos ao contato transparente, podendo discutir oportunidades e desafios, além de trocarem vivências no setor e aprendizados de outros momentos. O mercado imobiliário é dinâmico e passa por mudanças com base em decisões econômicas e outros cenários, e encontrar soluções em conjunto traz resultados importantes.
O futuro do financiamento imobiliário está na capacidade de criar parcerias sustentáveis, baseadas em confiança e no entendimento profundo das dinâmicas do setor. O crédito precisa ser visto como um elo de construção conjunta e não apenas como um recurso financeiro. Quando financiadores e incorporadoras compartilham uma visão de longo prazo, o mercado como um todo se fortalece, permitindo a viabilização de empreendimentos cada vez mais estruturados e sustentáveis.
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